23 de out. de 2014

IMPEDIMENTOS PARA UMA COMPLETA DEPENDÊNCIA DE DEUS

Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. [...]porque sem mim nada podeis fazer. (Jo 15:4a,5b)

    O Senhor Jesus ensina aqui aos discípulos um princípio fundamental da vida cristã: nossa ligação essencial com Ele, o próprio Jesus. Usando a figura da videira e seus ramos, o Mestre condiciona a produção de frutos com a permanência nEle. Um ramo não produz fruto sozinho, desconectado do tronco de onde nasceu. Nós passamos a ser novas criaturas quando nascemos em Cristo. Fomos destinados a viver nEle e glorificar o Pai com nossas obras, produzindo frutos.
    É essencial para nossas vidas esta dependência, assim como os ramos dependem da videira para existirem e darem frutos. No entanto, como vivemos em meio a uma batalha espiritual e temos um inimigo que trabalha dia e noite para nos afastar de Deus, precisamos estar atentos às tentações que ele colocará em nosso caminho para impedir esta total dependência.
    O primeiro impedimento é a tentação da autojustificação. Ela tem duas dimensões: diante de Deus somos tentados a nos auto justificarmos com nossos méritos para obtermos o seu favor. Diante dos homens somos tentados à manter uma aparência de santidade e, até mesmo, de superioridade. Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano que sobem ao templo para orar (Lc 18:9-14). O fariseu se gabava de não ser igual aos pecadores, pois jejuava duas vezes por semana e dava o dízimo de tudo quanto ganhava. O publicano apenas batia no peito e suplicava a Deus: “sê propício a mim pecador”. Jesus afirma que o publicano foi justificado e não o fariseu. Não devemos achar que nossas boas ações nos fazem superiores aos outros ou que sejam suficientes para nos fazer merecer o favor de Deus. As obras não compram a salvação e nem o favor divino (Rm 3:19,20). Nossos atos de justiça não passam de trapos de imundícia (Is 64:6). Caminhando pela trilha da autojustificação corremos o risco de cair no legalismo, fazendo exteriormente o que é certo, mas tendo o coração longe de Deus, agindo com hipocrisia (Mt 23:27,28).
    O segundo impedimento é a tentação da autossuficiência. Podemos achar que as nossas posses materiais ou intelectuais, a formação acadêmica ou o status sejam suficientes para nos garantir vida tranquila e segura. Precisamos lembrar-nos da transitoriedade da vida e da fragilidade de tudo que está ligado à nossa existência. Riquezas, conhecimento, status, tudo passa. Quanto mais nos apoiamos em valores e bens transitórios, mais nos achamos independentes (Lc 12:16-20). À igreja em Laodicéia Jesus lança o alerta: “Pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. Aquele que pensa que sabe muito, que tem tudo e alcançou o suficiente, ainda precisa acordar.
    Finalmente, o terceiro impedimento à total dependência é a autoexaltação. Algumas pessoas sentem a necessidade de falar de si mesmas o tempo todo. Estão sempre reafirmando o que fizeram, o que gostam e não gostam e todas as suas façanhas, como se fossem o centro do universo. Muitas vezes não passa de insegurança, mas também uma maneira de reforçar independência. Jesus alertou os seus discípulos em Mt 23:1-12 sobre a soberba dos escribas e fariseus que gostavam de praticar boas obras para serem vistos, amavam os primeiros lugares e de serem reconhecidos publicamente como mestres. Mas, só existe um Mestre que é o Senhor Jesus. Ele mesmo ensinou que os que se exaltam serão humilhados e que os que se humilham serão exaltados. Também deu o exemplo lavando os pés dos discípulos. Precisamos almejar a aprovação de Deus antes da exaltação por parte dos homens. A vaidade é um empecilho para a total dependência de Deus.
   A autojustificação nos conduz ao legalismo e à hipocrisia. A autossuficiência só produz soberba e a autoexaltação alimenta nossa vaidade. Todas estas tentações nos impedem de sermos ramos ligados e dependentes da videira.
(resumo do sermão pregado no culto matutino na IP Jd. Guanabara no dia 19/10/14)