7 de fev. de 2015

O LIVRO DE SALMOS


Os nomes “Salmos” e “Saltério” provêm da Septuaginta (tradução grega do AT); a princípio se referiam a instrumentos de cordas (como harpa, lira e alaúde) e posteriormente a cânticos acompanhados por esses instrumentos. O título hebraico tradicional é tehillim “louvores”.
O Saltério é compilação de várias coletâneas e representa a etapa final de um processo que levou séculos. Ganhou sua forma final nas mãos dos funcionários pós-exílicos do templo, que o completaram provavelmente no séc. III a.C. Nessas condições, servia de livro de orações (orações, louvores e instrução religiosa) para o segundo templo (o de Zorobabel e o de Herodes) e para uso nas sinagogas.
O livro é composto de cinco volumes e cada um termina com uma doxologia: Livro 1: 1-41; Livro 2: 42-72; Livro 3: 73-89; Livro 4: 90-106; Livro 5: 107 – 150. (Outros exemplos de “doxologia”: Rm 11:36; Ef 3:21; ITm 1:17)

AUTORES: Em geral são atribuídos a Davi - 73, Asafe - 12, os filhos de Coré - 11, Salomão - 2, Hemã - 1, Etã - 1, Moisés - 1, Ageu - 1, Zacarias - 1, Esdras – 1, os demais são anônimos.

TEMAS
Os salmos são expressões dos mais diversos sentimentos dos autores diante de Deus. Demonstram medo, decepção (inclusive com Deus), alegria, júbilo, arrependimento, confiança etc.
“Os Salmos não são pronunciamentos do alto, apresentados com autoridade apostólica em questões de fé e prática. São orações pessoais em forma de poesia, escrita por uma variedade de pessoas – camponeses, reis, músicos profissionais, amadores [...] O livro de Salmos dá exemplos de pessoas comuns, lutando freneticamente para harmonizar a crença que nutrem a respeito de Deus com o que estão experimentando no dia a dia” (Philip Yancey – A Bíblia que Jesus lia, Ed. Vida)

CARACTERÍSTICAS COMUNS DA POESIA HEBRAICA:
PARALELISMO:

Paralelismo sinônimo (ou sinonímico) – Repetição do mesmo pensamento ou pensamento similar.
Sl 19:1: Os céus proclamam a Glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Sl 24:1: Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.

Paralelismo antitético – As duas linhas apresentam um contraste entre si. A conjunção “mas” nos dá a dica.
Sl 1:6: Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá;
Sl 10:2: Os tesouros da impiedade de nada aproveitam, mas a justiça livra da morte;
Pv 10:1-32

Paralelismo sintético – A segunda linha completa uma ideia que a primeira deixa em aberto. Criam relação de causa e feito.
Sl 1:3: Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo dá o seu fruto e cuja folhagem não murcha;
Sl 19:7,8: A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos.

ACRÓSTICO – Poemas alfabéticos onde cada linha inicia com uma letra diferente do alfabeto hebraico (22 letras). No Salmo 119 cada letra do alfabeto inicia oito linhas sucessivas antes de passar à próxima. Um exemplo clássico é o livro de Lamentações de Jeremias. Cada capítulo possui 22 versos e cada verso inicia com uma letra do alfabeto hebraico na ordem. A exceção é o cap. 3, com 66 versos.

DIFERENÇA DE NUMERAÇÃO ENTRE A BÍBLIA PROTESTANTE E A BÍBLIA CATÓLICA
A Bíblia católica tem origem na Septuaginta (tradução para o grego) Nesta versão alguns salmos foram reunidos e outros divididos. Assim ficou a seguinte diferença:
BÍBLIA PROTESTANTE    BÍBLIA CATÓLICA
Sl 9 e 10                                Sl 9
Sl 114 e 115                          Sl 113
Sl 116                                    Sl 114 e 115
Sl 147                                    Sl 146 e 147