20 de set. de 2013

ALCANÇANDO UMA ESPIRITUALIDADE SAUDÁVEL

Vivemos em um tempo repleto de pressões e tendências negativas que podem influenciar nossa relação com Deus e com os irmãos. São males do nosso tempo que precisamos identificar:

1- Mal do utilitarismo. Percebemos que as pessoas e instituições são valorizadas pela utilidade que representam, conforme a conveniência dos indivíduos. Assim, amizades são feitas e mantidas na conveniência do que podem render. O amigo rico, o amigo que pertence à diretoria de uma grande empresa, o amigo que é amigo de famosos etc. O mesmo pode acontecer com a igreja, quando pessoas estão mais interessadas no que podem receber da comunidade. Assim, buscam a igreja que promete a cura, a prosperidade, aquela com o grupo mais “animado” ou com as programações mais frequentadas. Isso tudo leva ao enfraquecimento das relações e a uma cultura do descartável.

2- Acúmulo de informações. Nosso dia a dia é bombardeado de informações através da televisão, do rádio, jornais, revistas e da Internet. A quantidade de informações torna-se massificante e não conseguimos digerir tudo. O resultado são opiniões periféricas sobre diversos assuntos. Conhecimento generalizado sobre tudo. Muitos passam a defender pontos de vista baseados naquilo que ouviram falar, mas não tiveram tempo de refletir ou investigar a fundo. A consequência para nossa espiritualidade é o desinteresse pelo estudo bíblico. Pra que estudar se o Google pode me dar todas as respostas?

3- Pluralismo religioso. Nunca tivemos tanta exposição de práticas religiosas a nos influenciar. As novelas, por exemplo, sempre apresentaram convicções espíritas e agora as budistas. As igrejas de tendência neopentecostal dominam horários da TV aberta e apresentam práticas repletas de misticismo nos diversos rituais, obrigações, correntes e inovações litúrgicas. Da mesma forma acentuam o sincretismo, trazendo influencias do candomblé e umbanda para os seus rituais. A consequência é a confusão de conceitos e a construção de uma religião pragmática onde o que importam são os resultados, que se alcançam obedecendo a fórmulas pré-estabelecidas. Ao mesmo tempo faltam certezas. Os crentes não conhecem nem as doutrinas cristãs mais básicas.

4- Mercado de Trabalho competitivo. Os jovens estão sendo formados nas escolas e faculdades com o foco na carreira. Terminam a graduação e se engajam no mestrado e doutorado e especializações. Até mesmo as crianças estão sendo envolvidas nesta corrida, disputando vagas em escolas concorridas. Tudo visa à construção de carreiras e a colocação no mercado de trabalho que se mostra cada vez mais competitivo. O resultado é a falta de tempo para a família, para a igreja e para atividades que promovam a espiritualidade.

5- A Fé mercantilizada. A associação entre os dízimos e ofertas e as bençãos de Deus está levando ao entendimento errôneo de que a benção pode ser comprada. Este é o retorno da simonia, prática de venda de favores divinos, cargos na igreja, prosperidade e bens espirituais. O termo é originado do nome de Simão o mago que quis comprar dos apóstolos o poder do Espírito Santo (At 8:18,19). Como consequência estamos vendo surgir igrejas adaptadas à lei de mercado. Quem tem capital pode ter a benção maior, quem não tem fica a margem. O membro é valorizado então pelo que pode pagar.

Precisamos então desesperadamente buscar uma espiritualidade mais sadia para as nossas vidas. Uma espiritualidade que valorize o estudo bíblico doutrinário, que nos leve a usar com sabedoria o nosso tempo, aplicando-o em coisas úteis.

Uso aqui a analogia dos exercícios físicos e sua utilidade para o nosso corpo. Quem não se exercita e tem vida sedentária, quem se alimenta mal, consumindo frituras, gordura em excesso, muito açúcar etc está mais sujeito às doenças do nosso tempo: hipertensão, diabetes e até mesmo depressão. Por outro lado, quem se exercita regularmente e tem uma dieta balanceada se previne destas doenças.

O crente que se aplica à evangelização, que toma tempo para ler e estudar a Bíblia, que valoriza o tempo que passa na igreja e na comunhão com os irmãos, vê os resultados em sua espiritualidade.

Precisamos vivenciar uma igreja hoje denominada de igreja missional, onde o importante são as pessoas e não o prédio, a estrutura. Uma igreja que não vive das programações, mas que se programa para viver a comunhão. Composta de crentes cujo objetivo de vida é fazer cumprir a missão de compartilhar o Evangelho a todo tempo.

Acima de tudo precisamos buscar uma espiritualidade gratificante, que nos faça bem e nos faça sentir bem, porque é fundamentada na verdade da Palavra de Deus, porque busca a prática do cristianismo puro e simples que nos ensinam os Evangelhos.

(resumo adaptado da mensagem pregada no culto da manhã do dia 08/09/2013 na Igreja Presbiteriana do Jd. Guanabara – Ilha do Governador – Rio de Janeiro/RJ)