Vivemos em um tempo repleto de pressões e tendências negativas
que podem influenciar nossa relação com Deus e com os irmãos. São males do
nosso tempo que precisamos identificar:
1- Mal do utilitarismo. Percebemos que as pessoas e
instituições são valorizadas pela utilidade que representam, conforme a
conveniência dos indivíduos. Assim, amizades são feitas e mantidas na
conveniência do que podem render. O amigo rico, o amigo que pertence à
diretoria de uma grande empresa, o amigo que é amigo de famosos etc. O mesmo pode
acontecer com a igreja, quando pessoas estão mais interessadas no que podem
receber da comunidade. Assim, buscam a igreja que promete a cura, a
prosperidade, aquela com o grupo mais “animado” ou com as programações mais
frequentadas. Isso tudo leva ao enfraquecimento das relações e a uma
cultura do descartável.
2- Acúmulo de informações. Nosso dia a dia é bombardeado de
informações através da televisão, do rádio, jornais, revistas e da Internet. A
quantidade de informações torna-se massificante e não conseguimos digerir tudo.
O resultado são opiniões periféricas sobre diversos assuntos. Conhecimento
generalizado sobre tudo. Muitos passam a defender pontos de vista baseados
naquilo que ouviram falar, mas não tiveram tempo de refletir ou investigar a
fundo. A consequência para nossa espiritualidade é o desinteresse pelo estudo
bíblico. Pra que estudar se o Google pode me dar todas as respostas?
3- Pluralismo religioso. Nunca tivemos tanta exposição de
práticas religiosas a nos influenciar. As novelas, por exemplo, sempre
apresentaram convicções espíritas e agora as budistas. As igrejas de tendência
neopentecostal dominam horários da TV aberta e apresentam práticas repletas de
misticismo nos diversos rituais, obrigações, correntes e inovações litúrgicas.
Da mesma forma acentuam o sincretismo, trazendo influencias do candomblé e
umbanda para os seus rituais. A consequência é a confusão de conceitos e a construção
de uma religião pragmática onde o que importam são os resultados, que se
alcançam obedecendo a fórmulas pré-estabelecidas. Ao mesmo tempo faltam
certezas. Os crentes não conhecem nem as doutrinas cristãs mais básicas.
4- Mercado de Trabalho competitivo. Os jovens estão sendo
formados nas escolas e faculdades com o foco na carreira. Terminam a graduação
e se engajam no mestrado e doutorado e especializações. Até mesmo as crianças
estão sendo envolvidas nesta corrida, disputando vagas em escolas concorridas.
Tudo visa à construção de carreiras e a colocação no mercado de trabalho que se
mostra cada vez mais competitivo. O resultado é a falta de tempo para a
família, para a igreja e para atividades que promovam a espiritualidade.
5- A Fé mercantilizada. A associação entre os dízimos e
ofertas e as bençãos de Deus está levando ao entendimento errôneo de que a
benção pode ser comprada. Este é o retorno da simonia, prática de venda de
favores divinos, cargos na igreja, prosperidade e bens espirituais. O termo é
originado do nome de Simão o mago que quis comprar dos apóstolos o poder do
Espírito Santo (At 8:18,19). Como consequência estamos vendo surgir igrejas
adaptadas à lei de mercado. Quem tem capital pode ter a benção maior, quem não
tem fica a margem. O membro é valorizado então pelo que pode pagar.
Precisamos então desesperadamente buscar uma espiritualidade
mais sadia para as nossas vidas. Uma espiritualidade que valorize o estudo
bíblico doutrinário, que nos leve a usar com sabedoria o nosso tempo,
aplicando-o em coisas úteis.
Uso aqui a analogia dos exercícios físicos e sua utilidade
para o nosso corpo. Quem não se exercita e tem vida sedentária, quem se
alimenta mal, consumindo frituras, gordura em excesso, muito açúcar etc está
mais sujeito às doenças do nosso tempo: hipertensão, diabetes e até mesmo depressão.
Por outro lado, quem se exercita regularmente e tem uma dieta balanceada se
previne destas doenças.
O crente que se aplica à evangelização, que toma tempo para
ler e estudar a Bíblia, que valoriza o tempo que passa na igreja e na comunhão
com os irmãos, vê os resultados em sua espiritualidade.
Precisamos vivenciar uma igreja hoje denominada de igreja
missional, onde o importante são as pessoas e não o prédio, a estrutura. Uma
igreja que não vive das programações, mas que se programa para viver a comunhão.
Composta de crentes cujo objetivo de vida é fazer cumprir a missão de
compartilhar o Evangelho a todo tempo.
Acima de tudo precisamos buscar uma espiritualidade
gratificante, que nos faça bem e nos faça sentir bem, porque é fundamentada na
verdade da Palavra de Deus, porque busca a prática do cristianismo puro e
simples que nos ensinam os Evangelhos.
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