27 de abr. de 2011

O CRENTE E O CARNAVAL

(Publicado no boletim IPRibeira em 06/03/2011)
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. (ICo 10:23)
    Muitos crentes se perguntam por que não convém freqüentar bailes de carnaval ou brincar nos blocos ou participar das festas deste período. A Bíblia não fala de carnaval e não encontramos um texto que especificamente proíba o crente de brincar o carnaval, o que não significa que não podemos buscar compreensão na Palavra de Deus para saber decidir sobre este assunto.
    Em primeiro lugar precisamos compreender o que significa esta festa popular. A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "carnaval" está, desse modo, relacionada com a idéia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", que, acabou por formar a palavra "carnaval", sendo que "carnis" do grego significa carne e "valles" significa prazeres. Posteriormente acrescentou-se a tradição das fantasias e do uso de máscaras, para que não se identificassem as pessoas.
    Essencialmente o carnaval é uma festa de sensualidade, que as pessoas liberam-se das convenções. Muitos saem em busca de experiências amorosas passageiras, somente para satisfazer os desejos. É conhecida a expressão “amor de carnaval”, aquele que termina na quarta feira de cinzas. É comum as mulheres mostrarem mais o seu corpo através de fantasias provocantes para que os homens as apreciem. Festeja-se nem tanto a liberdade e mais a libertinagem. É também período obrigatório de consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas, como forma comum de se buscar a alegria e a descontração. Também por conta dos exageros alcoólicos o descontrole é generalizado, levando a brigas e, não raro, violência e vandalismo. É sempre a época do ano de maior movimento nas emergências dos hospitais onde se atendem os esfaqueados, baleados, vítimas de acidentes de carro, quase sempre motivados pela perigosa mistura álcool e direção.
    Todo este clima, esta busca de prazeres carnais evidentemente não combina com as motivações e princípios da vida cristã. O inimigo arrasta multidões que buscam se liberar e cair na folia, bem longe de qualquer observação de Deus, como se procurassem se esconder dEle. O crente no entanto não tem interesse em sair da presença do Senhor. Ele sabe que sua vida tem coerência, não zomba de Deus se misturando com o pecado e licenciosidade. A alegria que tem não depende do consumo de substâncias que alterem o seu estado normal, ela vem de dentro e não tem fim. Seus momentos de laser e descontração não são impregnados pelo pecado e a vontade de satisfazer a carne.
    A recomendação bíblica é bem clara quanto ao que devemos evitar: “A noite está quase acabando; o dia logo vem. Portanto, deixemos de lado as obras das trevas e vistamo-nos a armadura da luz. Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja. Pelo contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne” (Rm 13:12-14 NVI) “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. (IJo 2:16 NVI).
    Não podemos em momento nenhum esquecer que somos do Senhor e vivemos para agradá-lo. O mundo nos apresenta muitas tentações para nos arrastar, mas o que vai realmente permanecer eternamente é a nossa comunhão com Deus.

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